quinta-feira, 23 de setembro de 2010

E o Lula venceu o duelo

Brasil escolhe 'Lula' para competir por indicação no Oscar

O longa-metragem "Lula - O filho do Brasil", de Fábio Barreto, foi escolhido para representar o Brasil na disputa por uma das cinco vagas no Oscar na categoria de melhor filme em língua estrangeira.
A decisão, anunciada na manhã desta quinta-feira (23), em São Paulo, foi tomada de forma unânime por uma comissão que reúne membros indicados pelo Ministério da Cultura, Secretaria do Audiovisual, Agência Nacional de Cinema do Brasil e Academia Brasileira de Cinema.

"Levamos em consideração o Brasil. [Esse filme] reflete um pouco a nossa vida. Lula é uma estela aqui e fora daqui", declarou o cineasta Roberto Farias, presidente da Academia Brasileira de Cinema.
Questionado sobre a hipótese de um viés político na escolha, Faria rebateu. "O filme está feito e já passou pelo crivo de todas as críticas neste sentido."

"Nosso partido é o cinema brasileiro. A escolha em momento algum pensou no momento X, mas em um filme para representar o país com dignidade", completou a produtora Mariza Leão Salles de Rezende, uma das integrantes da comissão de seleção, que inclui ainda o jornalista Cássio Henrique Starling Carlos, a professora Clélia Bessa, a cineasta Elisa Tolomelli, o assessor do MinC Frederico Hermann Barbosa Maia, o cineasta Jean Claude Bernardet, o crítico Leon Cakoff, a cineasta Márcia Lellis de Souza (Tata) Amaral, além de Faria.

Tata Amaral, no entanto, afirma acreditar que seja possível que a popularidade de Lula no exterior possa, sim, contribuir com o desempenho do representante brasileiro no Oscar. "Eu gostaria que a figura do Lula influenciasse a Academia. Nesse sentido, seria ótima a influência política da escolha", defendeu a cineasta.

Atrás dos espíritos e dos duendes


A escolha da cinebiografia do presidente Lula para representar o Brasil na briga por uma vaga no Oscar pode ter sido consensual entre os membros da comissão de seleção, mas não representa a vontade dos internautas que votaram em uma enquete popular promovida no site do Ministério da Cultura entre os dias 8 e 20 de setembro.

Para as pessoas que votaram, o candidato brasileiro à estatueta deveria ser o filme "Nosso lar", de Wagner de Assis, que recebeu 70% do total dos cerca de 130 mil votos. Em seguida, outro filme inspirado na doutrina espírita, "Chico Xavier", de Daniel Filho, com 12% dos votos na enquete.
"Lula - O filho do Brasil", superprodução considerada um dos filmes mais caros do país, recebeu apenas 1% dos votos na enquete do MinC, atrás de filmes independentes como "Os famosos e os duendes da morte", "O grão" e "Antes que o mundo acabe".

No total, 23 produções nacionais competiam pela vaga. Agora, o filme escolhido disputará com longas de outros 95 países uma indicação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pela realização do Oscar.

Os nomes dos cinco indicados ao prêmio máximo do cinema mundial serão divulgados em 25 de janeiro. A festa de entrega dos prêmios está marcada para 27 de fevereiro de 2011. 

Abordagem emotiva


Baseado em livro homônimo da jornalista Denise Paraná, que co-assina o roteiro com Fernando Bonassi e Daniel Tendler, "Lula - O filho do Brasil" percorre a trajetória de Lula desde a infância, saindo de Caetés (PE) em pau-de-arara em 1952, com a mãe, dona Lindu (Glória Pires), e irmãos, rumo a Santos (SP).

Na Baixada Santista, reencontram o pai, Aristides (Milhem Cortaz), alcoólatra e violento, que anos depois é abandonado por dona Lindu. Em seguida, ela e os filhos mudam-se para São Paulo, depois São Bernardo do Campo. Nessa cidade, Lula (na fase adulta, interpretado pelo estreante em cinema Rui Ricardo Diaz) tornou-se operário e sindicalista, antes de entrar para a política.

O foco da história está no indivíduo Lula, procurando-se uma abordagem emotiva, que coloca em primeiro plano suas relações familiares com três mulheres --além da figura forte da mãe, sua primeira mulher, Lourdes (Cléo Pires), que morreu grávida de oito meses, e a segunda, Marisa Letícia (Juliana Baroni).

Em 20 de dezembro do ano passado, poucos dias antes da chegada do filme aos cinemas do Brasil, o diretor Fábio Barreto sofreu um acidente quando voltava do aeroporto Tom Jobim, no Rio. Ao passar por um túnel, em Botafogo, perdeu o controle do carro, que capotou várias vezes.

O cineasta de 52 anos sofreu traumatismo craniano, ficou internado por três meses e passou por duas cirurgias. Atualmente recebe tratamento em sua casa.

 

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